Maria Abadia Gonçalves

"Nasci em uma fazenda no Município de Argenita, Triangulo Mineiro, em 18 de maio de 1921. 

Eu não assinava Gonçalves porque meu pai era casado com a minha mãe somente na igreja.  

Morávamos  em uma casa que tinha um córrego que passava por dentro da cozinha; ele era encanado com calhas de bambu. Usávamos essa água para tudo: beber, cozinhar, etc. Depois nós mudamos para uma fazenda próxima a Pratinha; quando eu tinha mais ou menos 10 anos de idade é que nos mudamos para Pratinha, e moramos numa casa próxima à escola do meu avô Henrique. Eu estudava em um grupo escolar que ficava na praça; jogávamos bola na rua.

Meu pai era distribuidor de lenha - naquela época todos cozinhavam com lenha. Durante as safras de café meu pai transportava o café ate à estação do trem e retornava trazendo lenha. 

Eu tinha uma irmã, Maria José, que nós chamávamos de Lilia; ela nasceu com um olho azul e o outro verde.  Lilia tinha um gatinho e aonde ela ia o gatinho a acompanhava; quando ela morreu ele ficou procurando-a por toda a cidade.

Com a morte de Lilia meu pai ficou muito triste e nos mudamos para Ibiá.

 Fomos morar alguns dias na usina de energia elétrica onde meu tio Abílio Côco e tia Afonsina moravam. Depois meu pai comprou uma casa, um carroção e montou o depósito de lenha.

Mãe Donana morava na nossa casa em Ibiá. Ela fazia doces de queijo e pé de moleque para minha irmã Nair vender. Uma madrugada ela acordou e disse: - Me acode, chame o Tomáz. Sentada na cama pegou o crucifixo na parede da cabeceira da cama e o abraçou bem forte. Quando voltei com o Tio Tomáz ela já tinha morrido.  Parece  que era uma noite de festa, lá fora tinha uma bandinha tocando.

Com a morte do meu Avô João Sebastião de Menezes, mudamos para Araxá e lá fomos morar próximo à estação ferroviária; depois meu pai comprou a nossa casa e o lote ao lado na Praça da Santa Casa, onde ele montou outro depósito de lenha. Em nossa casa tinha um telefone - daqueles de madeira - na parede, onde os clientes faziam os pedidos de lenha; meu pai fazia as entregas na carroça.

Em 30/04/1946 casei com meu primo Geraldo Gonçalves Sobrinho (Pascoal), passando a assinar Maria Abadia Gonçalves. Com ele tive 6 Filhos: Mirna Clélia, Myrna Loy, Suzane, Mirna Lane, Edward e Marcos Antonio Gonçalves. Em Janeiro de 1970 mudei-me para Belo Horizonte."